A Polícia Civil do RJ levantou pelo menos 20 mil compras no perfil Concurseiro Paulista e afins, alvos da Operação Black Hawk. Nesta terça-feira (21), equipes prenderam nove pessoas no Rio e em Minas Gerais por pirataria de cursinhos preparatórios para concursos públicos e outros cursos de extensão.
Segundo o delegado Luiz Henrique Marques, da Delegacia da Criança e Adolescente Vítima (DCAV) quem comprou materiais hackeados pela quadrilha, como videoaulas, pode responder pelo crime de receptação, cuja pena vai até a quatro anos de reclusão.
“Se essas pessoas passaram em concurso público, podem ser reprovadas por falta de idoneidade moral, um requisito básico em qualquer certame”, afirmou o delegado.
“Levantamos milhares de contas cadastradas no site investigado. Pelo IP, conseguimos chegar aos compradores”, emendou Marques.
Técnicas avançadas de hack e vários servidores
Em geral, videoaulas de cursinhos legais não podem ser baixadas e armazenadas no computador ou na nuvem particular dos alunos. As matérias são protegidas por criptografia.
O delegado explicou que escolas preparatórias mantêm os conteúdos em streaming; quando um concurseiro os acessa, o sistema coloca o CPF do matriculado no fundo em marca d’água — para inibir que se grave ou filme a tela, a fim de compartilhá-los.
Segundo as investigações, Lothar Alberto Rossmann usava conhecimentos avançados de Tecnologia da Informação para vencer a criptografia e baixar as videoaulas sem marca d’água.
Na sequência, a quadrilha oferecia os cursos inteiros em sites de compra e venda e dava acesso a pastas na nuvem para quem comprasse os pacotes pirateados.
A polícia afirma ainda que a quadrilha mantinha várias contas piratas anunciando as videoaulas roubadas, tanto para forjar concorrência, quanto para manter alternativas no ar quando os cursos legais conseguiam derrubar algumas delas.
A Operação Black Hawk
A Polícia Civil prendeu nove pessoas e cumpriu 19 mandados de busca e apreensão.
Segundo as investigações, a quadrilha invadia sistemas há pelo menos 20 anos e faturou R$ 15 milhões anunciando apostilas e videoaulas pirateadas -- vendidas por valores menores.
Os prejuízos das empresas cujo conteúdo foi hackeado chegam a R$ 67 milhões. Os cursos pirateados eram para a área de segurança pública -- como Polícia Civil, Polícia Federal e Rodoviária Federal -- e para carreiras fiscais e jurídicas.
Os suspeitos vão responder por associação criminosa, lavagem de dinheiro e crime contra a propriedade imaterial.